AMBIENTE BIOCLIMÁTICO DA CIDADE DE TETE: DESMISTIFICANDO O MISTÉRIO DO CALOR INTENSO

Autores

  • Jorge Eusebio Chagaca Gulambondo Pesquisador do GALAMUKANI – Centro de Estudos e Empoderamento da Juventude Embaixador da Plataforma Juvenil para Acção Climática Consultor da Geomática Soluções e Consultoria Lda. Coordenador Provincial da AEFUM – TETE Técnico do DIOP no INEP. IP. – Tete https://orcid.org/0009-0009-0312-5224

DOI:

https://doi.org/10.56346/ijsa.v8i2.330

Palavras-chave:

Tete, Bioclimate, Intense Heat

Resumo

A cidade de Tete, localizada na região central de Moçambique, é conhecida pelas suas temperaturas extremamente elevadas, tornando-se a cidade mais quente do país. O presente estudo tem como objectivo analisar o ambiente bioclimático da cidade de Tete, identificando os factores naturais e antropogénicos que contribuem para o calor intenso e propondo estratégias de mitigação. A metodologia adoptada inclui uma abordagem qualitativa e quantitativa, combinando revisão bibliográfica, análise de dados meteorológicos históricos e observação de padrões urbanos. Foram utilizados dados climatológicos de longo prazo, provenientes de estações meteorológicas locais, para avaliar a variação térmica e a influência de factores como insolação, humidade, velocidade do vento e cobertura vegetal. Além disso, aplicaram-se técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento para mapear as ilhas de calor urbano e identificar áreas de maior vulnerabilidade térmica. Os resultados preliminares indicam que a localização geográfica de Tete, em um vale com baixa humidade e intensa radiação solar, contribui significativamente para as altas temperaturas. Além disso, a rápida urbanização, a redução da vegetação e o uso predominante de materiais de construção que retêm calor exacerbam o fenómeno. A falta de infraestrutura adequada para ventilação e sombreamento em áreas residenciais e comerciais também agrava a sensação térmica na cidade. Por fim, o estudo sugere medidas para minimizar os efeitos do calor intenso, incluindo o aumento da arborização urbana, a implementação de materiais sustentáveis na construção civil e o desenvolvimento de políticas de planeamento urbano que considerem o conforto térmico da população. Dessa forma, espera-se contribuir para uma melhor qualidade de vida dos habitantes e a adaptação da cidade às mudanças climáticas.

Referências

Almeida, R. (2019). Urbanização e clima: os desafios do crescimento urbano em áreas tropicais. Revista Brasileira de Planejamento Urbano, 25(3), 123-139.

Akbari, H., Pomerantz, M., & Taha, H. (2001). Cool surfaces and shade trees to reduce energy use and improve air quality in urban areas. Solar Energy, 70(3), 295-310.

Brito, R., Pereira, M., & Oliveira, L. (2015). Ilhas de calor e sua influência nas cidades tropicais. Clima e Sociedade, 20(4), 102-117.

Gomes, M., & Oliveira, P. (2017). Soluções verdes para a mitigação do calor urbano: uma análise das práticas em cidades africanas. Revista de Estudos Urbanos, 14(2), 75-89.

Gupta, A., Mondal, N., & Bandyopadhyay, S. (2016). Urban heat island effect and its impacts on the health of the inhabitants in Kolkata, India. Urban Climate, 16, 56-72.

Hondula, D. M., Gosling, S. N., & Tomlinson, C. J. (2015). Impacts of heat on human mortality and morbidity. Environmental Health Perspectives, 123(6), 735-742.

INAM (Instituto Nacional de Meteorologia). (2020). Relatório Climático de Moçambique 2020. Maputo: INAM.

Júnior, A. P., Lima, E. M., & Silva, F. J. (2018). Influência da circulação atmosférica nas condições climáticas da cidade de Tete, Moçambique. Revista Brasileira de Meteorologia, 33(2), 45-59.

Lima, M., & Santos, J. (2019). Dinâmica urbana e os desafios das cidades africanas: Rumo à sustentabilidade e resiliência. Editora África.

Machado, C., Silva, P., & Oliveira, F. (2021). O impacto da radiação solar no microclima urbano de Tete. Clima e Meio Ambiente, 30(1), 89-101.

Matsumoto, M., et al. (2017). Urban vegetation and climate: How trees and plants can alleviate urban heat island effects. Urban Forestry & Urban Greening, 23, 1-10.

MICOA (Ministério para a Coordenação da Ação Ambiental). (2016). Plano de Desenvolvimento do Ambiente e da Gestão Climática de Tete. Maputo: MICOA.

Nunes, A. (2015). Mudanças climáticas e seus impactos na saúde pública: Desafios para as cidades em África. Editora Saúde e Ambiente.

Oke, T. R. (1982). The energetic basis of the urban heat island. Quarterly Journal of the Royal Meteorological Society, 108(455), 1-24.

Pereira, A., & Silva, F. (2018). Aquecimento urbano e os impactos do concreto nas cidades tropicais. Revista Brasileira de Geografia, 33(1), 56-69.

PEUT. (2012). Plano Estratégico Urbano de Tete. Tete: Conselho Municipal de Tete.

Reis, L., & Costa, P. (2019). Calor extremo e saúde urbana: a relação entre clima e qualidade de vida em cidades tropicais. Saúde e Ambiente, 23(4), 150-161.

Santamouris, M. (2014). Cooling the cities – A review of innovative technologies for urban heat island mitigation. Energy and Buildings, 82, 5-26.

Santos, M. P., Ferreira, E. S., & Silva, C. M. (2021). Saúde pública e mudanças climáticas em Moçambique: O impacto das altas temperaturas na mortalidade urbana. Saúde & Clima, 15(2), 132-144.

Silva, R., et al. (2020). Efeitos do calor extremo na saúde pública urbana. Journal of Urban Health, 39(2), 210-220.

Vogt, J., et al. (2016). Bioclimatic zoning and urban planning in tropical climates. Urban Climate, 18(1), 45-63.

www.climate-data.org. CLIMA: TETE, acessado no dia 04 de Fevereiro de 2025

Downloads

Publicado

16-03-2025