AMBIENTE BIOCLIMÁTICO DA CIDADE DE TETE: DESMISTIFICANDO O MISTÉRIO DO CALOR INTENSO
DOI:
https://doi.org/10.56346/ijsa.v8i2.330Palavras-chave:
Tete, Bioclimate, Intense HeatResumo
A cidade de Tete, localizada na região central de Moçambique, é conhecida pelas suas temperaturas extremamente elevadas, tornando-se a cidade mais quente do país. O presente estudo tem como objectivo analisar o ambiente bioclimático da cidade de Tete, identificando os factores naturais e antropogénicos que contribuem para o calor intenso e propondo estratégias de mitigação. A metodologia adoptada inclui uma abordagem qualitativa e quantitativa, combinando revisão bibliográfica, análise de dados meteorológicos históricos e observação de padrões urbanos. Foram utilizados dados climatológicos de longo prazo, provenientes de estações meteorológicas locais, para avaliar a variação térmica e a influência de factores como insolação, humidade, velocidade do vento e cobertura vegetal. Além disso, aplicaram-se técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento para mapear as ilhas de calor urbano e identificar áreas de maior vulnerabilidade térmica. Os resultados preliminares indicam que a localização geográfica de Tete, em um vale com baixa humidade e intensa radiação solar, contribui significativamente para as altas temperaturas. Além disso, a rápida urbanização, a redução da vegetação e o uso predominante de materiais de construção que retêm calor exacerbam o fenómeno. A falta de infraestrutura adequada para ventilação e sombreamento em áreas residenciais e comerciais também agrava a sensação térmica na cidade. Por fim, o estudo sugere medidas para minimizar os efeitos do calor intenso, incluindo o aumento da arborização urbana, a implementação de materiais sustentáveis na construção civil e o desenvolvimento de políticas de planeamento urbano que considerem o conforto térmico da população. Dessa forma, espera-se contribuir para uma melhor qualidade de vida dos habitantes e a adaptação da cidade às mudanças climáticas.
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