USO E OCUPAÇÃO DO RESPIRADOR VALE DE NHARTANDA E WETLANDS SOBRE O RIO ZAMBEZE NO MUNICÍPIO DE TETE: PERCEPÇÃO COMUNITÁRIA E RISCOS SOCIOAMBIENTAIS

Autores

  • Mateus José Andir Universidade Zambeze – FC. Agrária de Angónia https://orcid.org/0009-0009-0999-8480
  • Jorge Eusébio Chagaca Gulambondo GALAMUKANI – Centro de Estudos e Empoderamento da Juventude
  • Domingos Andrigo

DOI:

https://doi.org/10.56346/ijsa.v8i2.317

Palavras-chave:

Riscos socioambientais, Uso e Ocupação, ZPP, SIG e Vale de Nhartanda

Resumo

O presente artigo visa esmiuçar em torno do uso e ocupação do respirador do Vale de Nhartanda e Wetlands sobre o Rio Zambeze no Município de Tete, buscando compreender a percepção da comunidade sobre os riscos socioambientais no uso e ocupação desta área, tendo em conta que esta área e considerada zona de protecção parcial por esta ser um respirador do Rio Zambeze que quando atinge o seu pico, as águas tende a escoar nesta região e é também o lençol freático usado para abastecer a água para população ao nível do Município de Tete e estão em curso projecto de alargar o abastecimento da água usando este lençol freático para a Cidade de Moatize. Assiste actualmente a população dos Bairros circunvizinho do Vale de Nhartanda a estender as ocupações com diferenciadas finalidades e a continua realização do fecalizmo a céu aberto sobre esta área. Apesar desse cenário, o Município concedeu um dos grandes pântanos da região a um empresário para a construção na zona do Vale de Nhartanda, próximo ao cruzamento STEIA. Essa decisão pode acarretar graves implicações ambientais, além de aumentar os riscos socioambientais para a população local. Do ponto de vista metodológico, o estudo foi de natureza mista, com carácter exploratório e abordagem explicativa. Foram aplicados, principalmente, métodos cartográficos em SIG (Sistemas de Informação Geográfica). Para a colecta de dados, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, observação directa e indirecta (com base em imagens de satélite para análises ambientais), além de análise documental. Os resultados permitiram concluir que o Vale de Nhartanda está exposto a diversos riscos de inundações, que podem culminar em perdas de vidas humanas e danos materiais. Essa vulnerabilidade é agravada pela falta de conscientização tanto por parte do município quanto da população. O município tem permitido ocupações na área, muitas vezes motivadas por interesses políticos voltados ao ganho de eleitorado, além de autorizar projectos que reflectem interesses particulares ou umbilicais. Por outro lado, a população, ignorando os riscos socioambientais, tem ocupado a área para construção de moradias, fabricação de tijolos queimados e práticas de fecalizmo a céu aberto, colocando em risco o lençol freático, essencial para o abastecimento de água.

Biografia do Autor

Mateus José Andir, Universidade Zambeze – FC. Agrária de Angónia

Licenciado em Geografia

Docente afecto na Escola Secundária 27 de Agosto-Tsangano

Docente da Divisão de Engenharia Agropecuária

Na Universidade Zambeze – FC. Agrária de Angónia

Consultor da Geomática Soluções e Consultoria Lda.

Jorge Eusébio Chagaca Gulambondo, GALAMUKANI – Centro de Estudos e Empoderamento da Juventude

Licenciado em Geografia

Coordenador Provincial da AEFUM – TETE

Técnico do DIOP no INEP. IP. – Tete

Consultor da Geomática Soluções e Consultoria Lda.

Pesquisador do GALAMUKANI – Centro de Estudos e Empoderamento da Juventude

Domingos Andrigo

Licenciando em Gestão ambiental e Desenvolvimento Comunitário

Gestor de Recursos Humanos

Técnico de Higiene Segurança no Trabalho

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Publicado

01-02-2024