USO E OCUPAÇÃO DO RESPIRADOR VALE DE NHARTANDA E WETLANDS SOBRE O RIO ZAMBEZE NO MUNICÍPIO DE TETE: PERCEPÇÃO COMUNITÁRIA E RISCOS SOCIOAMBIENTAIS
DOI:
https://doi.org/10.56346/ijsa.v8i2.317Palavras-chave:
Riscos socioambientais, Uso e Ocupação, ZPP, SIG e Vale de NhartandaResumo
O presente artigo visa esmiuçar em torno do uso e ocupação do respirador do Vale de Nhartanda e Wetlands sobre o Rio Zambeze no Município de Tete, buscando compreender a percepção da comunidade sobre os riscos socioambientais no uso e ocupação desta área, tendo em conta que esta área e considerada zona de protecção parcial por esta ser um respirador do Rio Zambeze que quando atinge o seu pico, as águas tende a escoar nesta região e é também o lençol freático usado para abastecer a água para população ao nível do Município de Tete e estão em curso projecto de alargar o abastecimento da água usando este lençol freático para a Cidade de Moatize. Assiste actualmente a população dos Bairros circunvizinho do Vale de Nhartanda a estender as ocupações com diferenciadas finalidades e a continua realização do fecalizmo a céu aberto sobre esta área. Apesar desse cenário, o Município concedeu um dos grandes pântanos da região a um empresário para a construção na zona do Vale de Nhartanda, próximo ao cruzamento STEIA. Essa decisão pode acarretar graves implicações ambientais, além de aumentar os riscos socioambientais para a população local. Do ponto de vista metodológico, o estudo foi de natureza mista, com carácter exploratório e abordagem explicativa. Foram aplicados, principalmente, métodos cartográficos em SIG (Sistemas de Informação Geográfica). Para a colecta de dados, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, observação directa e indirecta (com base em imagens de satélite para análises ambientais), além de análise documental. Os resultados permitiram concluir que o Vale de Nhartanda está exposto a diversos riscos de inundações, que podem culminar em perdas de vidas humanas e danos materiais. Essa vulnerabilidade é agravada pela falta de conscientização tanto por parte do município quanto da população. O município tem permitido ocupações na área, muitas vezes motivadas por interesses políticos voltados ao ganho de eleitorado, além de autorizar projectos que reflectem interesses particulares ou umbilicais. Por outro lado, a população, ignorando os riscos socioambientais, tem ocupado a área para construção de moradias, fabricação de tijolos queimados e práticas de fecalizmo a céu aberto, colocando em risco o lençol freático, essencial para o abastecimento de água.
Referências
ALMEIDA, F., & ROCHA, P. (2021). Gestão de Áreas Urbanas Próximas a Wetlands.
BANDE, F. M. (2018). Análise do relevo e dinâmica hidrológica no Vale de Nhartanda. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
COBA, A. M. (2012). Caracterização hidrogeológica do Vale de Nhartanda e sua relação com o Rio Zambeze. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
COSTA, M., & RODRIGUES, F. (2021). Reassentamento de populações em áreas de risco: Experiências e lições aprendidas. Editora Planeta Verde.
COSTA, R., & SILVA, L. (2020). Gestão integrada de wetlands no contexto das mudanças climáticas. Revista Brasileira de Ecologia, 12(3), 45-67.
FAO (2006). Práticas Conservacionistas de Solos em Áreas de Risco.
FAO (2015). Manejo Sustentável do Solo.
KASSER, C., & SCHERER, L. (2020). A gestão sustentável dos recursos naturais: Desafios e soluções para o equilíbrio entre desenvolvimento económico e preservação ambiental.
LOPES, A., SILVA, M., & MATOS, J. (2021). Impactos da Urbanização em Áreas Húmidas de Moçambique: Estudos de Caso no Vale de Nhartanda. Revista de Estudos Ambientais de Moçambique, 18(2), 45-59.
MENDES, J., GONÇALVES, A., & MATOS, P. (2021). Impacto da ocupação antrópica em zonas húmidas no sul da África. African Journal of Environmental Studies, 9(1), 23-34.
MINISTÉRIO DA TERRA E AMBIENTE (MOÇAMBIQUE). (2019). Plano Nacional de Gestão de Recursos Naturais. Maputo: Governo de Moçambique.
PEUT. (2012). Plano Estratégico Urbano de Tete. Tete: Conselho Municipal de Tete.
RAMSAR CONVENTION. (2020). Wetlands and Water Management: African Case Studies. Gland, Suíça.
RIBEIRO, J., SILVA, P., & ALMEIDA, R. (2020). Gestão de áreas de planície de inundação: Desafios e soluções sustentáveis. Revista de Planejamento Ambiental, 12(3), 45-60.
SACHS, J. D. (2015). The Age of Sustainable Development. Columbia University Press.
SANTOS, A. (2019). Conscientização comunitária como ferramenta para o desenvolvimento urbano sustentável. Revista Brasileira de Desenvolvimento Urbano, 9(2), 78-92.
SANTOS, J., et al. (2020). Wetlands: Função Hidrológica e Vulnerabilidades.
SILVA, L., & ALMEIDA, M. (2018). Urbanização em áreas de risco: Impactos sociais e ambientais. Editora Cidade Sustentável.
SILVA, L. R., OLIVEIRA, J. A., & MATOS, F. M. (2021). Impactos ambientais da mineração de carvão em Moçambique: O caso do Rio Zambeze. Revista de Estudos Ambientais, 15(2), 45-58.
SILVA, M. (2013). Gestão Integrada de Águas Pluviais em Áreas Vulneráveis.
SILVA, R., GOMES, T., & CHAVES, D. (2021). A degradação ambiental no Rio Zambeze: Causas e consequências. Revista Africana de Sustentabilidade, 15(3), 89-104.
UNESCO. (2020). Wetlands and their Role in Climate Adaptation. Paris: UNESCO.