USO DAS GEOTECNOLOGIAS NA ANÁLISE ESPACIAL DE RISCO DE QUEIMADAS NO PARQUE NACIONAL DE MÁGOÈ, MOÇAMBIQUE
DOI:
https://doi.org/10.56346/ijsa.v8i2.315Palavras-chave:
Geotecnologias, Sensoriamento Remoto, Queimadas, Análise de Risco, Parque Nacional de Mágoè.Resumo
As queimadas são um dos grandes e principais problemas ambientais do mundo, por serem responsáveis e causadores de imensos danos aos ecossistemas naturais e dos agro-ecossistemas pela pressão que essas áreas sofrem devido a necessidade de novas áreas destinadas a actividades antrópicas, tais como agro-pecuária, caça desportiva e de subsistência, exploração de madeira para produção de carvão vegetal, pesca, entre outras actividades que promovem grandiosas perdas de biodiversidade. As queimadas representam uma ameaça significativa para ecossistemas sensíveis, especialmente em áreas protegidas como o Parque Nacional de Mágoè, situado na província de Tete, Moçambique. Este estudo utiliza geotecnologias avançadas, incluindo sensoriamento remoto e Sistemas de Informação Geográfica (SIG), para identificar, mapear e compreender os factores que contribuem para o risco de queimadas na região. A presente pesquisa pretendia analisar os espaços de risco de queimadas no Parque Nacional de Mágoè e especificamente desenvolver o modelo usando o efeito combinado dos diferentes factores tais como, combustível, topografia, proximidade as vias de acesso, clima; densidade dos elefantes, dar peso à cada parâmetro bem como o contributo ou importância no processo de ignição de queimadas, mapear a variabilidade espacial do risco de queimadas no Parque Nacional de Mágoè. A metodologia baseou-se na análise de imagens de satélite (Landsat 8 e Sentinel-2), índices ambientais como o NDVI e o FWI, além de dados climáticos e históricos de focos de calor. Os resultados demonstraram que as áreas mais susceptíveis a queimadas estão associadas à vegetação do tipo miombo e à proximidade de comunidades humanas, onde a interacção antrópica é intensa. Este trabalho reforça a importância das geotecnologias como ferramentas estratégicas no planeamento de medidas de maneio e prevenção de incêndios florestais, contribuindo para a preservação ambiental e a mitigação dos impactos das queimadas no Parque Nacional de Mágoè.
Referências
ALMEIDA, J., & FERREIRA, P. (2021). Monitoramento ambiental em áreas protegidas: avanços e desafios. Revista de Gestão Ambiental, 15(2), 45-59.
ANAC. (2017). Plano de Maneio do Parque Nacional de Mágoè. Autoridade Nacional de Áreas de Conservação. Disponível em:
ARA ZAMBEZE. (2014). Perfil Ambiental Distrital de Mágoè. Autoridade Reguladora de Águas da Zambeze.
BASTOS, R., SANTOS, M., & OLIVEIRA, T. (2018). Geotecnologias aplicadas à prevenção de incêndios florestais. Revista Brasileira de Cartografia, 70(1), 25-38.
BOND, W. J. (1993). Keystone species. In: Schulze, E. D., & Mooney, H. A. (Eds.), Biodiversity and Ecosystem Function. Springer.
ARCHIBALD, S., STAVER, A. C., & LEVIN, S. A. (2013). Evolution of human-driven fire regimes in Africa. Proceedings of the National Academy of Sciences, 109(3), 847-852.
CHIDUMAYO, E. N., & GUMBO, D. J. (2010). The dry forests and woodlands of Africa: Managing for products and services. Earthscan.
CHIKODZI, D., MUTOWO, G., & GUMINDOGA, W. (2020). Topographic influences on fire behavior in savanna ecosystems. Journal of Environmental Management, 256, 109958.
CHIKUMBA, M., BÍSCARO, T., & MULEIA, M. (2019). Impacto das queimadas na biodiversidade do Parque Nacional de Mágoè. Revista de Conservação Africana, 12(3), 45-58.
CONJO, M. P. F. (2021). Mapeamento da susceptibilidade a incêndios florestais na região sul de Moçambique. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação.
COSTA, F. A., & ANDRADE, M. S. (2017). Análise do risco de queimadas em áreas de conservação usando geotecnologias. Revista Brasileira de Geografia Ambiental, 8(2), 113-127.
FIELD, C.B., BARROS, V.R., STOCKER, T.F., DAHE, Q. (Eds.). (2014). Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Cambridge University Press.
IPCC. (2022). Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas. Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
KUTSCH, W. L., MERBOLD, L., Ziegler, W., MUKELABAI, M., MUCHINDA, M., & KOLLE, O. (2011). The charcoal trap: Miombo forests and the energy needs of people. Carbon Balance and Management, 6(5).
MABUNDA, J., & CHONGO, E. (2021). Práticas humanas e risco de incêndios em áreas protegidas: Um estudo de caso em Mágoè. Boletim de Estudos Ambientais, 18(1), 78-92.
MATHE, M. (2021). Modelação SIG na avaliação do risco de incêndio na reserva nacional do Niassa. Academia.edu.
MICOA (2012). Relatório sobre o estado do meio ambiente em Moçambique. Maputo: Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental.
MOURA, L., COSTA, F., & LIMA, R. (2019). Modelagem climática e sua contribuição para a gestão de riscos ambientais. Journal of Environmental Studies, 12(4), 78-92.
MUGOMBE, A., MAVHURA, E., & SIMANGO, T. (2017). Fire risk assessment in protected areas of Southern Africa: The case of Mágoè National Park. African Journal of Ecology, 55(4), 576-586.
NHAMPOSSA, L., & JOAQUIM, A. (2021). Alternativas sustentáveis para a gestão de queimadas em Moçambique. Jornal de Políticas Ecológicas, 9(4), 112-127.
PEREIRA, J.M.C., FERNANDES, P.M., FIGUEIREDO, A.G. (2015). Fire danger rating and fire occurrence in Portugal. Forest Ecology and Management, 216, 200-209.
RUSSELL-SMITH, J., WHITEHEAD, P. J., & COOKE, P. (2013). Culture, ecology, and economy of fire management in North Australian savannas: Rekindling the Wurrk tradition. CSIRO Publishing.
RODRIGUES, L. A., & LOPES, L. M. (2015). Aplicação de SIG na análise de riscos ambientais: estudo de caso em áreas de preservação. Revista Brasileira de Ciência e Tecnologia, 13(1), 45-58.
SHANNON, G., PAGE, B. R., DUFFY, K. J., & SLOTOW, R. (2006). The role of foraging behaviour in the population dynamics of African elephants in savanna habitats. Acta Oecologica, 30(3), 286–292.
SILVA, A. R.; LIMA, J. L. (2022) Monitoramento de queimadas com imagens Landsat. Revista Brasileira de Geografia.
SILVA, A., PEREIRA, J., & NOGUEIRA, C. (2020). Sensoriamento remoto na análise de áreas queimadas: métodos e aplicações. Boletim de Geoinformática, 8(3), 123-135.
SILVA, P., COSTA, M., & NHANTUMBO, S. (2020). Dinâmica das queimadas em ecossistemas de savana: Tendências e soluções. Ciências Ambientais e Sustentabilidade, 15(2), 32-50.
SILVA, T. M., MENEZES, C. R., & PEREIRA, A. S. (2018). A utilização de imagens de satélite para monitoramento de queimadas em áreas de risco. Geospatial World, 12(3), 34-42.
VAN WILGEN, B.W., SCHOLES, R.J., PRINS, H.H.T. (2016). Fire management and biodiversity in savanna ecosystems: A global perspective. Ecology and Evolution, 6 (22), 7372-7383.
VAN WILGEN, B. W., GOVENDER, N., BIGGS, H. C., & NTSALA, D. (2007). The contribution of fire research to fire management: A critical review of a long-term experiment in the Kruger National Park, South Africa. International Journal of Wildland Fire, 16(5), 519–530.